Sabe esses dias em que horas dizem nada E você nem troca o pijama, preferia estar na cama O dia, a monotonia tomou conta de mim É o tédio, cortando os meus programas, esperando o meu fim
Sentado no meu quarto O tempo voa Lá fora a vida passa E eu aqui a toa Eu já tentei de tudo Mas não tenho remédio Pra livrar-me deste tédio
Vejo um programa que não me satisfaz Leio o jornal que é de ontem , pois pra mim , tanto faz Já tive esse problema, sei que o tédio é sempre assim Se tudo piorar, não sei do que sou capaz Tédio, não tenho um programa Tédio, esse é o meu drama O que corrói é o tédio Um dia, eu fico sério Me atiro deste prédio.
Julia Roberts é Anna e Jude Law, Dan: personagens sado-masoquistas
Pedro escreveu para mim um pequeno parágrafo sobre o filme tão polêmico. Segue: Vou aproveitar uma expressão do meu amigo Kleber Mendonça Filho que bemdefine "Closer": um filme "datilografado". Nele, a elaboração de cadadiálogo fica transparente. No mau sentido. Sem dúvida Patrick McCabe é um bom escritor, mas é aí que mora o perigo. As linhas de diálogo que ele põe na boca dos personagens são "boas" demais, isto é, são frases que as pessoas não dizem. O autor se situa numa posição visivelmente "superior" aos personagens, que perdem veracidade, e a direção de Mike Nichols não procura contornar esse problema, ele parece apenas querer ilustrar um texto pré-existente, e não encontrar a melhor forma de transformá-lo em cinema. É mais ou menos isso. Bjs., Pedro.
Esses "diálogos bons demais" podem incomodar alguns ouvidos. No meu caso, não machucou nem um pouco. Prefiro pensar que esses diálogos são feitos para projetarmos nele uma vontade. Ou melhor, pensarmos: "puxa como gostaria de falar isso". É closer. Muito perto. E muito perto, sabemos, as coisas (imagens, frases, visão) ficam deturpadas. E é um pouco isso, mas deturpado para o outro lado, não para o deformado. Mas para a forma perfeita. Perfeita demais que pode incomodar. Ou atrair. "Closer" me fez navegar por essas frases maravilhosas e me fez experiementar as loucuras de cada um dos personagens. Sim, são todos uns loucos varridos, sado-masoquistas. Mas quem não é?
Hoje me acordei pensando em uma pedra numa rua de Calcutá. Numa determinada pedra em certa rua de Calcutá. Solta. Sozinha. Quem repara nela? Só eu, que nunca fui lá, Só eu, deste outro lado do mundo, te mando agora este pensamento... Minha pedra de Calcutá!
Mário Quintana, trecho de Diário.
Assim começa minha jornada pelos textos obscuros, sujos e cortantes de Caio Fernando Abreu. Sim, com um trecho de poema de Mário Quintana. Caio inicia Pedras de Calcutá assim. E assim começo eu.
Preciso dar Controlaltdel. E dar a sorte de reiniciar a vida a partir de um ponto que não precise fazer varreduras, detectar erros ou consertar problemas. Não quero pensar em vírus e sei que spywares tem aos montes; mas prefiro clicar no botãozinho mágico clean e não procurar por eles. Sei que vou encontrá-los. Prefiro me iludir com os downloads de aplicativos de entretenimento, joguinhos, mp3, interatividade. Chega pra lá excel, word ou calculadores. Que venham os meus favoritos, acrobat readers, o photoshop e o messenger; quero bate-papo instantâneo. Chega de executar, chega de painel de controle. Já me bastam os spams.